Se você ama os animais, certamente faria o mesmo por seu cachorrinho. Não é, na verdade, nenhum sacrifÃcio; apenas um ato de bondade.
A professora universitária aposentada MarÃlia Levacov, de 64 anos, faz jus à isso. Tudo o que ela faz é levar seu golden retriever, Moishe, que tem 15 anos, para passear em uma adaptada cadeira de rodas, em cima de um translado entre o 31 andar do EdifÃcio Santa Cruz e a portaria. Depois disso, é só a dona o colocar em um carrinho-plataforma e pronto: o cãozinho está pronto para o ar livre.
O lugar para onde vão todos os dias, três vezes por dia, é a Praça da Alfândega. Tudo isso para que Moishe consiga fazer suas necessidades. ”à um esforço fÃsico erguê-lo para tirar e colocar no carrinho, pois ele pesa 40 quilos. Mas já se tornou parte da rotina, não parece nada demais. Eu faria isso por um pai, por um filho, e não hesitaria em fazer por um amigo, que é o que ele é,” conta ela ao Zero Hora.
Na realidade, foi realmente amor à primeira vista quando MarÃlia o achou após ser resgatado por uma ONG na estrada. Ele estava com cinco costelas quebradas, displasia nos quadris, duas doenças do carrapato, anemia, pneumonia e até artrose. Mas foi com essa nova dona que ele começou a, de fato, se recuperar.
Hoje, este tratamento especial em levá-lo no tal carrinho já virou rotina tanto para ela como para todos que a veem por aÃ. Mas não é só Moishe que tem direito ao amor de MarÃlia. A cadelinha, Sépia, não fica muito atrás e sai correndo logo ao lado do amigo. As goldens, assim, são frequentemente alvo de todos que ou querem acariciá-los ou perguntar sobre sua idade, etc.
Conforme vai passando pela rua, MarÃlia faz questão de mostrar sua simpatia e amor pelos cães, respondendo tudo com muita calma e alegria. Os comentários dos que passam também são sempre muito carinhosos: ”Que criatura maravilhosa. Ela deve amar muito os bichos, que nem eu,” diz a aposentada Carmen Candal, de 76 anos.
Definitivamente um exemplo, não?! Não é de hoje que ela apresenta esse coração bom. Há muito tempo que MarÃlia leva pets para passear no centro da cidade de Porto Alegre. A famÃlia até tinha fama de maluca pela quantidade de animais que recolhia de lugares abandonados.
Moishe, claramente, foi um deles e só tem esse nome devido ao pai que o escolheu em homenagem à Moisés (Moishe significa Moisés em hebraico). A relação vem por conta dele ter sido resgatado das águas e, o cãozinho, na estrada para Cidreira.
E não é só isso. O sucesso dos dois é tanto que uma escritora, Cintia Moscovich, decidiu redigir sobre o assunto em uma coluna que foi publicada no Zero Hora. ”Se existe esse clichê de amor incondicional, é dela com esses bichos,” diz ela.
Você faria o mesmo pelo seu cãozinho?
Fotos: Félix Zucco / Agencia RBS.